sábado, 24 de outubro de 2009

A tabuada deve ser entendida ou memorizada?

A tabuada deve ser entendida ou memorizada?
Andréa Cristina Sória Prieto
Na escola de alguns anos atrás, saber a tabuada "na ponta da língua" era ponto de honra para alunos e professores. Poucos educadores ousavam pôr em dúvida a necessidade dessa mecanização.
Na década de 1960, porém, veio a Matemática Moderna e, com ela, algumas tentativas de mudanças aconteceram. Dentre seus aspectos positivos, destacava-se a necessidade da aprendizagem com compreensão. Com isso, vieram as críticas ao ensino tradicional, entre elas a mecanização da tabuada. Assim, diversas escolas aboliram a memorização. O professor que obrigasse seus alunos a decorar a tabuada era considerado retrógrado.
O argumento usado era basicamente que não se deve obrigar o aluno a decorar a tabuada, mas sim criar condições para que ele a compreenda. Os defensores dessa nova tendência argumentavam que, se o aluno entendesse o significado de multiplicações como 2 x 2, 3 x 8, 5 x 7 etc., quando precisasse, saberia chegar ao resultado.
Alguns professores rebatiam essa afirmação alegando que, sem saber a tabuada de cor, o aluno não poderia realizar multiplicações e divisões. Hoje, essa discussão está presente entre nós. Porém, apesar das divergências, uma opinião é unânime: deve-se condenar a mecanização pura e simples da tabuada.
Compreender é fundamental. É inconcebível exigir que os alunos recitem: "duas vezes um, dois; duas vezes dois, quatro;...", sem que tenham entendido o significado do que estão dizendo. Na multiplicação, bem como em todas as outras operações, a noção de número e o sistema de numeração decimal precisam ser construídos e compreendidos.

Memorizar ou entender? Que tal utilizar as duas ações?
Trabalhando com materiais concretos – como papel quadriculado, tampinha de garrafa e palitos –, explorando jogos e situações diversas – como quantos alunos serão necessários para formar dois times de futebol –, os alunos poderão, aos poucos, construir e registrar os fatos fundamentais que compõem a tabuada. Proponha aos estudantes que descubram quanto dá, por exemplo, 8 x 3. Desenvolva com eles quais são as formas que podem levá-los a encontrar a solução para essa situação. Eles podem obter esse resultado através de adições sucessivas. Mas podem também obter 8 x 3 de outro modo. Como 8 = 5 + 3, podem perceber que: 8 x 3 = 5 x 3 + 3 x 3.
Faça-os entender que a multiplicação agiliza o processo de adição e que, se eles souberem a tabuada "de cor", poderão ser mais ágeis ao resolver as operações. Uma vez compreendidos os fatos fundamentais, eles devem ser, aos poucos, memorizados. Para isso, devem-se utilizar jogos variados, como bingo de tabuada, cálculos mentais e todo tipo de jogos que contribuam para a memorização da tabuada. Devemos dizer então que o aluno não deve memorizar mecanicamente a tabuada. Esta memorização deve ser precedida pela compreensão. A ênfase do trabalho deve ser posta na construção dos conceitos.
E para ajudar os alunos a compreender melhor os processos de multiplicação, divisão e a matemática como um todo, sem "decorebas", é que foi criado pelo matemático americano Larry Martinek, o método A+, já utilizado em vários países e que acaba de chegar ao Brasil. O trabalho do A+ está baseado em um método revolucionário, que desenvolve o raciocínio A+ e as habilidades matemáticas de cada aluno individualmente. Busca-se o entendimento através do lúdico, da inspiração e da diversão. É um trabalho inteiramente humanizado. Como resultado, os alunos permanecem engajados no processo educacional e sentem prazer em aprender matemática através do raciocínio e da criatividade.
Andréa Cristina Sória Prieto é Consultora Pedagógica
em Matemática, Pós-Graduada em Psicopedagogia e
Direito Educacional com Graduação em Pedagogia